Osella PA20/S BMW
A história da Osella passou por vários sucessos e vários desaires, entre várias categorias, entre as quais a F1 e os Sport Protótipos. No entanto, foi nesta última que a Osella encontrou o seu habitat natural e na qual conseguiu os seus melhores resultados.
Um dos modelos que ajudou a marca a atingir tais resultados foi o Osella PA20/S BMW, que tem sido um dos carros favoritos pelos pilotos do Campeonato Europeu de Montanha. Equipado com motor BMW de 3 litros e 24 válvulas, tem cerca de 415cv que o ajudam a atingir velocidades alucinantes, num curto espaço de tempo.
Além disso, tem também uma caixa de 5 velocidades sequencial, modelo FT200, fabricada pela Hewland e cuja velocidade de engrenagem ronda os poucos milésimos de segundo. Para travar esta potência, é utilizado um sistema de travagem concebido pela Brembo, o qual permite imobilizar o carro em poucos metros, a partir de velocidades bastantes elevadas, como seria esperado em qualquer viatura de competição.
Quanto à carroçaria do carro, esta impressiona tanto (ou mais) quanto a mecânica deste. Uma enorme asa traseira, com 3 perfis independentes, em conjunto com uma asa dianteira bastante generosa (com dois perfis), permite redireccionar o ar que flui sobre o carro da forma mais eficaz possível, conseguindo gerar a tão necessária carga aerodinâmica que agarrará o carro à estrada nas curvas mais rápidas. O peso total do conjunto também permite explicar as excelentes performances desta viatura: 600kg (sem piloto e com líquidos).
O primeiro contacto com esta máquina revelou-se algo sui generis: um interior típico de um carro de competição, com uma Stack equipadas com os respectivos sensores (temperatura, velocidade, rotações e combustível), um banco de competição da Sparco bastante envolvente, o volante de 3 braços com revestimento em alcântara e a manete da caixa de velocidades bem pertinho.
Dito isto, lá se iniciou o teste…e foi aqui que começaram os problemas. Visto que a viatura raramente ultrapassava os 170km/h, foi necessário analisar o porquê de tal facto. A conclusão? Simples…a viatura estava com a asa dianteira e traseira reguladas para os circuitos de montanha, bastante curtos e rápidos, sem necessidade de grande velocidade de ponta. Alterado este ponto, partiu-se à descoberta do potencial deste Osella…e que potencial!
A aceleração dos 0 aos 100km/h é atingida em menos de 4 segundos, um valor impressionante quando comparado com qualquer carro de turismo de competição! Juntamente com isto, qualquer curva do circuito é realizada sem qualquer complexo, visto que os pneus slick, fornecidos pela Avon, possuem um aderência fenomenal, o que juntamente com a enorme carga aerodinâmica conseguida pelo carro, permite fazer tanto as curvas lentas, como as rápidas, com bastante facilidade.
A motricidade fornecida pelos pneus é por isso, um dos melhores pontos do Osella, dando confiança desde os primeiros metros. A direcção do carro revela-se bastante leve mas directa, fornecendo o feedback necessário para que o piloto consiga compreender o que se passa com o Osella.
Não que seja preciso, pois o carro é bastante suave com o piloto, dando liberdade para alguns erros, mesmo os de palmatória. A resposta do motor BMW também é impressionante, fornecendo os 415cv às 9000rpm, sem grande hesitação, o que juntamente com o excelente chassis da viatura, permite abordar as curvas sem medo que o carro escorregue.
No entanto, como nem tudo são rosas, nem tudo é perfeito no Osella. Com pouca carga aerodinâmica, tal como é necessário para correr em circuitos convencionais, o chassis revela-se algo instável, sofrendo bastante com os ventos laterais. Além disso, a frente do protótipo fica comprometida, não sendo incisiva q.b. e por isso não conseguindo agarrar-se à corda das curvas, quando se exige maior velocidade nas mesmas.
O binário também está em falta, devido sobretudo ao facto do motor ser um típico puro sangue de competição. Desta forma, são privilegiadas as altas rotações, fazendo com o motor só “acorde” após as 6000rpm e seja difícil utilizá-lo antes desse leque de rotações.
No entanto, mal seja atingido, raramente este “adormece”, catapultando a viatura para os 250km/h (caso a configuração da asa dianteira e traseira, bem como as relações da caixa de velocidades assim o permitam) em menos de 30 segundos…A melhor forma de tirar todo o partido deste motor passa assim por acelerar o mais cedo possível (de preferência logo a seguir à corda da curva), por forma a que estejamos nas rotações ideais na saída da curva e prontos para aproveitar toda a potência do motor.
Resumindo, o Osella PA20/S BMW é um protótipo fantástico de ser pilotado, fornecendo um conjunto capaz quer a pilotos experientes, bem como a novatos. A sua eficácia mecânica e aerodinâmica é tal que permite acreditar que consiga curvar a qualquer velocidade, em qualquer circunstância…A sua potência é viciante e só apetece fazer mais e mais quilómetros, só para voltar a ter as mesmas sensações. No entanto, esta “máscara” cai por terra quando se pede mais do protótipo, mostrando que apesar de tudo, é um puro sangue e deve ser respeitado como tal.
Em suma, uma experiência a cumprir religiosamente…por quem possa, claro!
Volta de referência
O Osella PA20/S BMW foi a primeira viatura a dar uma volta no circuito de testes do Direita3. Mesmo assim o tempo realizado é bastante bom, tendo rodado em 1.07.213. O vídeo da volta de referência está disponível na janela abaixo.
Classificação