Hyundai Coupé Kit Car
A marca Hyundai nunca foi conhecida pelos seus grandes êxitos desportivos, quer na Coreia, bem como noutros países. Tendo em conta que a sua expansão fora do país natal tem poucos anos, fica ainda mais realçado esse mesmo facto. No entanto, durante a década de 90, contrariando esta tendência e apostando numa imagem mais jovem e dinâmica, a Hyundai ingressou nos Ralis com o modelo Coupé na sua versão Kit Car, através do qual obteve resultados interessantes.
Começando pela origem deste projecto, em 1997, a iniciativa de preparar o Hyundai Coupé partiu de Wayne Bell, conhecido piloto e preparador australiano, o qual negociou a sua participação nos Ralis da Nova Zelândia e Indonésia directamente com o construtor. Estas mesmas negociações levaram a que Bell preparasse as primeiras versões do Coupé, algo que se revelou pouco adequado para um Campeonato Mundial. A primeira participação do Coupé Kit Car (e da Hyundai) no “Mundial” realizou-se, tal como previsto, na Nova Zelândia, com Wayne Bell ao volante, tendo os resultados sido pouco satisfatórios.
Bell, numa atitude altruísta e mostrando reconhecer as suas limitações técnicas e logísticas, decidiu entregar o projecto de 1998 à Motor Sports Devellopments (MSD), conhecida empresa inglesa de preparação de carros de Rali, imprimindo assim um cunho mais profissional ao projecto da Hyundai. O próprio Bell foi recompensado pela marca, sendo nomeado como 2º piloto nessa mesma época, sendo finalmente substituído por Alister Mcrae em 1999.
Na época de 1998, a Hyundai nunca esteve em posição de alcançar o título, enquanto em 1999, apesar das diversas vitórias (Quénia, Portugal, Grécia, Nova Zelândia, China e Austrália), foi derrotado pela Renault, não atingindo o seu objectivo principal. Algo ainda mais caricato, tendo em conta que a participação da Renault foi tudo menos regular, ganhando o campeonato sem grande esforço…graças a ajuda de Kenneth Eriksson!
Explicando a situação, foi graças à ajuda de Kenneth Eriksson que Jennie-Lee Hermansson, uma jovem piloto sueca, participou na última prova do “Mundial” (o Rali da Grã Bretanha) com um Renault Clio 1.3 de Grupo N (que pontuava para os Formula 2), prova essa em que um dos Hyundai desistiu com motor partido. Ironia das ironias, foi graças aos pontos conseguidos por Jennie-Lee Hermansson que a Renault conseguiu suplantar a Hyundai e ser campeã, tornando a situação ainda mais embaraçosa.
O principal calcanhar de Aquiles do Hyundai Coupé Kit Car centrava-se na sua falta de potência e agilidade, especialmente se comparados com o Peugeot 306 Maxi e Citroën Xsara Kit Car, adversários que o Coupé nunca conseguiu vencer. Outro ponto negativo do Coupé era a sua patente falta de fiabilidade…Por várias vezes, os pilotos foram derrotados por problemas de ordem mecânica, sendo o exemplo mais notável, a vitória de Kenneth Eriksson na Suécia em 1999, perdida a 22 Km do final devido a um motor partido.
Durante a sua participação no WRC, o Coupé Kit Car teve duas evoluções. Da versão original, apenas 4 carros foram construídos (sendo desconhecido o seu paradeiro), tendo as restantes evoluções sido construídas pela MSD. Estas últimas versões encontram-se actualmente à venda no mercado, com o seu preço a rondar os 50 mil euros. Enquanto o modelo original não tinha grandes alterações mecânicas e aerodinâmicas relativamente ao modelo de série (sendo utilizada apenas em 1997), o Evolution 1 foi a primeira evolução do Coupé desenvolvida pela MSD, após a entrega do projecto por parte do australiano Bell.
Presença habitual no WRC em 1998, tinha um motor de 4 cilindros em linha e 2 litros, que debitava cerca de 247 cv às 7700 rpm, transmitindo esta potência apenas pelas rodas dianteiras, em conjunto com a caixa de 6 velocidades produzida pela Ricardo. A aerodinâmica também foi cuidada, possuindo diversos alargamentos, entradas de ar no capot e pára-choques dianteiro, bem como um pequeno aileron traseiro.
Relativamente ao Evolution 2, este apresentava diversas alterações aerodinâmicas (entrada de ar única no capot, bem como pára-choques dianteiro e aileron traseiro revistos e alterados), enquanto que na mecânica, a principal alteração recaia sobre o motor, com 265 cv às 7700 rpm. O Evolution 2 foi apresentado no Rali da Nova Zelândia de 1998 e foi utilizado até ao final da temporada de 1999.
No final de 1999, apesar deste falhanço “catastrófico”, a Hyundai apostou na classe WRC, novamente através da MSD e apresentou o Accent WRC. No entanto, tal como o Coupé, nunca atingiu o sucesso que se esperava, ficando a história da Hyundai pelos Campeonatos Mundiais encerrada…por enquanto.