Fiat 131 Abarth

O Fiat 131 Abarth surgiu após algum tempo de descanso por parte da marca italiana, no Campeonato Mundial de Ralis. No entanto, dentro do grupo Fiat, a Lancia tinha ressurgido com o Stratos, que desde 1974 e até 1976 dominou o WRC, tendo sido abandonado após pressões internas. O Fiat 131 Abarth tornou-se assim o representante do grupo italiano nos Ralis, tendo vencido o Campeonato Mundial em 1977, 1978 e 1980, com Markku Alen, Timo Salonen e Walter Röhrl respectivamente.

Hoje em dia, o 131 Abarth tornou-se um artigo de coleccionador e existem à venda inúmeras réplicas, quer da versão de estrada, como da versão de competição, que permitem aos fãs menos afortunados, terem o seu Fiat desejado. Inclusive alguns alteram estas réplicas, aplicando motores de outras viaturas, de modo a terem mais potência, rotatividade e fiabilidade (algo crítico neste modelo, mesmo nos modelos de competição).

Neste ensaio, é utilizada uma versão de competição, com o conhecido patrocínio do OlioFiat, tal como foi utilizado por Markku Alen, em 1977. O motor de 4 cilindros em linha com 2 litros apresenta os 215cv originais e a restante mecânica, apesar de utilizar componentes de substituição actuais, apresentam-se como réplicas perfeitas do material da época.

O interior, típico de um carro de competição, conta com uma panóplia de instrumentos que fariam corar de inveja qualquer piloto de aviação…de realçar a falta de um banco para o co-piloto, como seria normal nos Ralis, mas visto que a viatura é actualmente utilizada para competições de velocidade, tal não é necessário.

O Fiat 131 Abarth apresenta-se uma viatura muito interessante de ser pilotada. Visto que têm tracção traseira e um centro de gravidade extremamente baixo, o seu comportamento é bastante bom, podendo-se recorrer à gíria automobilística e descrever-lo como uma “lapa”, tal é a sua aderência. Por muito que se tente, só com bastante esforço é que se consegue fazer descolar a traseira do 131, podendo esta ser facilmente controlada com alguma suavidade ao volante.

Quanto ao motor, apesar de ter os cavalos originais, apresenta também o comportamento original…ou seja, até às 5000rpm, encontra-se “desaparecido em combate” e só depois é que mostra o seu vigor, atingindo o seu pico às 7000rpm. No entanto, visto que o peso total do 131 ronda a tonelada, os cavalos apresentados acabam por ser poucos e a agilidade da viatura acaba por sair penalizada. Não que o motor seja mau de todo…os 215cv são bastante interessantes e já permitem boas performances, mas fica a sensação que se poderia ter mais, especialmente comparando com a concorrência da época, o Lancia Stratos.

Quanto à velocidade de ponta, o 131 ultrapassa os 200km/h com alguma facilidade, dependendo a velocidade de ponta das relações de caixa utilizadas. Neste caso, visto que utilizava relações algo longas, a 5ª velocidade tornava o 131 bastante “monótono”, levando-o pouco além dos 210km/h…quanto à engrenagem da caixa de velocidades, não existe qualquer reparo a fazer no que se refere à sua utilização.

A aerodinâmica também é outro dos pontos fracos deste Fiat 131 Abarth. O seu design sofreu poucas alterações relativamente ao 131 normal, apresentando uma superfície frontal relativamente grande e sem grandes preocupações no que concerne o coeficiente de atrito (Cx). O resultado acaba por ser uma velocidade de ponta inferior, além de sofrer um pouco com os ventos laterais.

Relativamente à suspensão, apresenta um comportamento típico da época, adornando em demasia e sendo relativamente mole. No entanto, o chassis é bastante bom, não demonstrando qualquer sintoma de falta de rigidez e permitindo que o carro consiga agarrar a corda das curvas de forma eficiente. Os pneus da Avon também fornecem a tão necessária aderência, contribuindo para um comportamento bastante previsível e racional.

Resumindo, o Fiat 131 Abarth é uma viatura que, apesar de algumas falhas, é bastante divertido de ser pilotado e que, caso seja tido em conta os seus defeitos, pode ser “trabalhado” para que se consiga extrair mais desempenho do que seria inicialmente esperado. A não perder!

Volta de referência

O Fiat 131 Abarth, tendo em conta as suas especificações e o seu objectivo inicial, é uma viatura pouco adaptada para pista. No entanto, não deixou mal representado os Ralis, tendo obtido um tempo de 1.30.416.

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