2023
Rallyspirit
Marcado por três dias de emoção competitiva, mas sobretudo de reencontro com a história, o Rallyspirit contou com carros que preenchem o imaginário dos que amam os ralis e que remetem para a época mais dourada da disciplina: os anos 1980 e os «monstros sagrados» do Grupo B. Afinal, a cereja no topo de um bolo composto por um lote alargado de grandes máquinas que atravessam as mais diversas eras dos ralis. Um verdadeiro museu ao ar livre e sobretudo o reencontro com um conceito infelizmente abandonado, o do convívio do público com os seus ídolos pilotos e do contacto próximo com os respetivos bólides. Sem dúvida, uma excelente propaganda da modalidade.
O fantástico Lancia Delta S4 que foi guiado oficialmente por Henri Toivonen é talvez a mais impressionante figura de cartaz, mas outros Lancia, como Rally 037 e Delta HF Integrale, o Peugeot 205 Turbo 16, os Opel Manta e Ascona 400, os Toyota Corolla WRC ex-TTE e Celica Turbo ou ainda os poderosos Audi Sport Quattro S1 E2 são apenas alguns dos exemplos de carros que deixaram uma marca indelével na história do Campeonato do Mundo de Ralis. Mas o passado dos ralis portugueses também esteve muito bem representado, através, por exemplo, de réplicas perfeitas do Peugeot 306 Maxi e do Renault Mégane Maxi das equipas oficiais, que travaram dos mais empolgantes duelos nos Campeonatos Nacionais dos idos de 1990, ou do Mitsubishi Lancer Evo 3 com que Rui Madeira conquistou a Taça do Mundo FIA de Grupo N, em 1995 – guiado pelo próprio piloto, que continua a exibir as qualidades que fizeram dele um dos nossos melhores.
Enfim, muitos cavalos de potência, memória e sobretudo história são as marcas principais do RallySpirit e o conceito essencial dos Rally Legends do exclusivo circuito Slowly Sideways Europe a que pertence. A prova da X Racing organizada desportivamente pelo Clube Automóvel de Santo Tirso é tudo isto, mas foi igualmente qualidade competitiva ao longo das 10 especiais cronometradas da edição deste ano – a Boucles de Barcelos é uma classificativa espetáculo. O público agradeceu, acorrendo em grande número aos troços, enchendo sempre o parque de assistência de Barcelos e marcando forte presença nos reagrupamentos de Amares, Vila Verde, Barcelos e Santo Tirso, e ainda no controlo de passagem de Famalicão. A assistência remota à moda antiga (na berma da estrada), em Mixões da Serra, Vila Verde, foi uma das novidades na edição deste ano, mas um dos momentos mais marcantes do contacto com o público foi sem dúvida a festa ao pôr do sol no Jardim das Sobreiras, na marginal portuense junto à foz do Rio Douro, que encantou os milhares de pessoas que por lá passaram.
No plano competitivo, José Gil e João Andrade, no bem preparado Ford Escort MK1, lideraram de início a fim entre os Históricos, com um ritmo que fica bem patenteado pela vantagem de 4m23.6s com que se impôs ao segundo classificado, Rui Salgado/Luís Godinho, em VW Golf II GTI. Herculano Santos Pereira e Miguel Castro (Opel Kadett GT/E) encerraram o pódio, já a 8m16.7s do vencedor. Entre os Spirit, Armando Costa e José Costa, em Mitsubishi Lancer Evo 6, também exerceram grande domínio, mesmo se Rui Madeira liderou nas duas primeiras especiais até um problema o atrasar. Foi então que Costa assumiu o comando, para não mais o perder, cimentando progressivamente a vantagem até aos 52.0s finais sobre os segundos classificados, Guilherme Outeiro e Eduardo Outeiro, em BMW E30. O último degrau do pódio foi ocupado pela dupla João Pedro Peixoto/Leandro Parreira, em Renault Clio 16V, a 3m09.7s do mais rápido.
O DIREITA3 acompanhou todas as peripécias do Rallyspirit, trazendo até aos seus leitores alguns dos melhores momentos deste evento.
Rampa da Falperra
Christian Merli (Osella FA30), no Europeu, e Hélder Silva (Osella PA2000), no Campeonato de Portugal de Montanha, sagraram-se vencedores da 42ª edição da Rampa Internacional da Falperra, confirmando o favoritismo que lhes era atribuído. No entanto, o Campeão Europeu sofreu um percalço na 2ª das três subidas, necessitando de dar o máximo na última subida para evitar ser surpreendido.
Merli destacou-se do checo Petr Trnka por uma diferença final de 1.410s, graças ao tempo efectuado na 1ª subida. Na subida seguinte, quando estava a impor um ritmo diabólico para conquistar a vitória, efectuou um pião na Curva do Papa e embateu no rails. Uma perda de mais 20 segundos face ao seu tempo anterior adiou a discussão da vitória para a derradeira subida da tarde. Cauteloso, o piloto italiano superou o seu rival por 0.261s, margem que acrescida à diferença de 1.270s da 1ª subida lhe permitiu festejar a 4ª vitória consecutiva em igual número de provas do Europeu na presente temporada. António Rodrigues (Silver Car EF 10) foi o português melhor classificado, na 8ª posição.
No que toca ao CPM, o Campeão em título, Hélder Silva, não deixou os créditos por mãos alheias e manteve uma vantagem segura, cifrada no final em 4.042s, frente ao bracarense José Correia (Norma M20FC). Carlos Vieira (Porsche 911), 1º entre os GT, esteve em plano de destaque nesta sua incursão à Montanha, enquanto Luís Delgado (CUPRA Leon Competición) foi rei e senhor entre as viaturas de Turismo.
O DIREITA3 acompanhou os desenvolvimentos da Rampa da Falperra, trazendo até aos seus leitores alguns dos melhores momentos deste evento.